Compartilhando um texto interessantíssimo da Carla Andreucci Polido:
"Com muita frequência escuto frases relacionando "coragem" com "parir". Algo assim:
"Nossa, que corajosa você foi, encarando um parto normal!"
Na verdade, o parto vaginal é muito mais seguro para mães e bebês, quando comparado às cesarianas. A literatura mostra que, no risco habitual (parturientes saudáveis), a partir de 37 semanas (gestação de termo), a cesariana está relacionada a:
1) No mínimo o triplo de chance de morte para a mulher;
2) Duas vezes e meia mais chances de morte para a criança;
3) Chances seis vezes maiores de complicações graves maternas (sangramento com necessidade de transfusão, retirada do útero por hemorragia e/ou infecção, infecção pós parto, acidentes tromboembólicos, falência orgânica etc);
4) Complicações a médio e longo prazo em decorrência da cirurgia (placenta prévia, percretismo placentário, infertilidade etc).
"Ah, mas quantas mulheres você conhece que morreram de parto??"
Verdade. A morte materna é um evento tão raro, que sua estimativa é feita através da "Razão de Morte Materna", que relaciona o número de mortes durante gestação, parto e puerpério (incluindo abortos) por cada 100.000 crianças que nascem vivas. No Brasil, a RMM é de cerca de 60 por 100.000 nascidos vivos, o que ainda está muito longe do ideal da Organização Mundial de Saúde, que preconiza que não haja mais que 10 a 15 mortes maternas por 100.000 nascidos vivos.
Nos últimos anos, aumentamos as taxas de cesarianas, sem melhorar os indicadores de saúde...E o fato é que, raros ou não, a cesariana expõe a mulher (e seu bebê) a riscos muito maiores de desfechos fatais.
"Não ser comum" não quer dizer que não aconteça. Ao contrário, acontece mais com quem faz cesariana.
Quem é a corajosa, agora?
Referências:
1) Neonatal Mortality for Primary Cesarean and Vaginal Births to Low-RiskWomen: Application of an ‘‘Intention-to-Treat’’Model. MacDorman et al., BIRTH, 2008
2) Maternal and neonatal individual risks and benefits associated with caesarean delivery: multicentre prospective study, Villar et al., BMJ, 2007.
3) Caesarean section without medical indications is associated with an increased risk of adverse shortterm maternal outcomes: the 2004-2008 WHO Global Survey on Maternal and Perinatal Health. Souza et al., BMC, 2010

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