segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Leite materno pode bloquear HIV


Estão vendo essa gravura acima? Pois é, mesmo no 2° ano de vida, o leite materno continua rico em nutrientes e valendo por uma refeição completa. Ao contrário do que muitos pensam, ele não vira água, nem depois dos 2 anos. Agora pra se tornar um alimento ainda mais completo e poderoso, Um grupo de pesquisadores da Universidade de Duke e do Programa de Suporte à Lactação do Children’s Hospital de Boston (Universidade de Harvard) relataram as características de uma proteína presente no leite materno que é capaz de neutralizar o vírus HIV-1, chamada de Tenascin-C (TNC).
O artigo [1] publicado em outubro deste ano no periódico PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences), com a edição de Robert C. Gallo (um dos pesquisadores que descobriram o HIV e sua relação com a AIDS, na década de 80).
Na publicação, os cientistas descrevem como isolaram o componente ativo, suas características químicas e sua atividade em bloquear o vírus HIV-1, impedindo a infecçãoin vitro de diferentes variantes virais.
                        A descoberta vem complementar o conhecimento médico sobre o assunto, já que se buscavam mecanismos de bloqueio da infecção do HIV no leite materno, uma vez que evidências apontavam que até 90% dos lactentes de mães soropositivas não adquiriam o vírus, mesmo sendo amamentados normalmente [2]. Relatos anteriores [3 e 4] já haviam mostrado que fatores presentes no leite materno inibia a ligação do HIV a receptores CD4. Porém no trabalho mais recente foi caracterizada com precisão a proteína em questão, através de combinação de métodos de biologia molecular e engenharia genética (foi utilizada técnica combinada de cromatografia líquida e espectrometria de massa juntamente com bases de dados do proteinoma humano).
            O estudo apontou como o TNC “captura” o vírus ao se ligar a proteínas do envelope viral, diminuindo assim a ligação ao receptor CD4 dos linfócitos humanos num ambiente que há poucas células com tal característica: a mucosa do lactente. Logo, a contribuição direta do estudo se dá neste contexto de transmissão do vírus, sendo que a aplicação no tratamento ou transmissão por outras vias ainda não é clara.
            Os autores apontam a possibilidade do uso Tenascin-C como complemento à lactação de filhos de mães soropositivas. Uma vez que se trata de um componente natural do leite materno não haveria grandes riscos associados à introdução de moléculas exógenas no organismo do lactente.
No futuro, essa estratégia poderia diminuir as chances de tais bebês adquirirem o vírus e permitir que recebam o leite materno com todos seus benefícios.

Traduzido e editado por Rodrigo Santos, aluno de graduação da Faculdade de Medicina da UFRJ 
Bibliografia:
 1.Tenascin-C is an innate broad-spectrum, HIV-1-neutralizing protein in breast milk.
PNAS, 2013. Fouda GG et al. Duke University, USA.
 2.Late Postnatal Transmission of HIV-1 in Breast-Fed Children: An Individual Patient Data Meta-Analysis. The Journal of Infectious Diseases, 2004. The Brestfeeding and HIV International Transmission Study Group.
 3.A Human Milk Factor Inhibits Binding of Human Immunodeficiency Virus to the CD4 Receptor.Pediatric Research, 1992. Newburg DS et al. Harvard Medical School & Johns Hopkins School of Medicine, USA.
 4.Human Milk Glycosaminoglycans Inhibit HIV Glycoprotein gp120 Binding to Its Host Cell CD4 Receptor. Journal of Nutrition, 1994. Newburg DS et al. Harvard Medical School, University of Iowa & Johns Hopkins School of Medicine, USA.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

ABC do Parto

Série informativa da página "Memezinho da mamãe" no facebook: 


Fonte: Página do facebook "memezinho da mamãe"

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Como lidar com conselhos não solicitados

Socorro! Estou tão frustrada com esse mundo de conselhos que recebo da minha sogra e irmão! Não importa o que eu faça, estou fazendo errado. Eu os amo muito, mas como eu posso pedi-los para parar de despejar tantos conselhos que eu não pedi??

Da mesma forma que seu bebê é uma parte importante de sua vida, ele é também importante para os outros. Pessoas que se importam com seu bebê estão ligados a você e ao seu bebê de uma maneira especial que os convidam a aconselhar.
É importante saber disso, você vai ter razões de lidar com essa interferência de modo gentil, que não machucaria os sentimentos de ninguém. Independente do conselho, é o seu bebê, e no fim, você vai educar seu filho da maneira que você acha que é a melhor. Então, raramente vale a pena criar uma guerra com uma pessoa que no fundo tem boas intenções. Você pode responder aos conselhos que você não pediu de várias maneiras:


Escute primeiro 
É natural ser defensivo se você acha que alguém esta te julgando; mas provavelmente você não está sendo criticada, mas sim, a outra pessoa esta compartilhando contigo o que ela acha ser uma percepção valiosa. Tente ouvir – você pode sem querer talvez aprender alguma coisa valiosa. Seja indiferente Se você acha que não existe a mínima chance de convencer a outra pessoa a mudar de opinião, simplesmente sorria, balance a cabeça positivamente, e faca um comentário do tipo: “Interessante!” Então continue fazendo do seu jeito.

Concorde
Você pode achar uma parte do conselho que você concorde. Se isso for possível, cuide de concordar de todo coração com aquele tópico.

Escolha suas batalhas

Se sua sogra insiste em que seu bebe vista um chapéu na sua caminhada ao parque, vá em frente e ponha aquela chapéu na cabeça dele. Isso não vai prejudicar seu bebê e vai apaziguar a situação. Entretanto, não se renda quando o assunto é importante para você e quanto à saúde ou bem-estar da criança esta em jogo.

Evite tocar no assunto
Se seu irmão esta te pressionando a deixar seu bebê chorar para dormir, mas você nunca faria isso, então não reclame para ele sobre seu bebê acordando cinco vezes a noite passada. Se ele tocar no assunto, então uma distração pode funcionar, como “Você gostaria de um cafezinho?”

Se instrua
Conhecimento é poder! Proteja a si mesmo e seu equilíbrio mental lendo e aprendendo tudo sobre o modo que você decidiu educar seu filho. Confie em si mesmo que você está fazendo o melhor para você e seu filho.

Instrua a outra pessoa
Se seu “professor” está transmitindo informações que você sabe que são ultrapassadas ou erradas, compartilhe com ele o que você aprendeu sobre o assunto. Você talvez poderá esclarecer muitas informações e abrir a mente da outra pessoa. Refira-se a um estudo, livro, ou artigo que você tenha lido.

Cite um médico
Muitas pessoas aceitam o ponto de vista se um profissional da saúde validou isso. Se seu próprio pediatra concorda com sua posição, fale, “Meu medico falou para esperar até que ele tenha 6 meses para introduzir comidas sólidas.” Se seu próprio medico não suporta seu ponto de vista, então refira-se a outro medico, talvez o autor de algum livro sobre cuidado de bebês.

Seja vago
Você pode evitar um confronto com respostas evasivas. Por exemplo, se sua irmã pergunta se você já começou o desfralde (mas você nem está pensando nisso no momento), você pode responder assim, “Nós estamos indo para essa direção.”

Peça conselho!
O seu palpiteiro amigável é possivelmente um especialista em alguns assuntos que você concorda com ele. Tente achar esse pontos e convide-o para dar-lhe conselhos. Ele vai ficar tão feliz de estar te ajudando, e você vai ficar feliz em ter um modo de evitar discussões sobre os assuntos que vocês não concordam.

Decore uma resposta padrão
Aqui um comentário que pode ser dito em resposta a quase todos os tipos de conselhos: “Esse é não talvez é o jeito certo para vocês, mas é o jeito certo para mim.”

Seja honesto
Tente ser honesto sobre seus sentimentos. Separe uma hora em que não haverá distrações, e pense cuidadosamente em suas palavras, como “Eu sei o quanto você ama o Pedrinho, e eu estou feliz que você passa tanto tempo com ele. Eu sei que você acha que esta me ajudando quando você me dá conselhos como esses, mas eu estou satisfeito com meu modo próprio de lidar com isso, e eu ficaria realmente feliz se você pudesse entender isso.”

Encontre um mediador

Se a situação está colocando em risco sua relação com quem está te dando conselhos, você pode pedir outra pessoa para interferir para você.

Procure amigos que pensam da mesma forma
Se associe a um grupo de apoio on-line ou clube com pessoas que tem os mesmos pontos de vista de educação de seus filhos.
Falar com outros pais que educaram seus bebês do mesmo modo pode te dar uma forca para encarar pessoas que não entendem seus pontos de vista.


Esse artigo foi extraído do livro “Gentle Baby Care” by Elizabeth Pantley. (McGraw-Hill, 2003).

Tradução: Andreia Mortensen para o grupo Soluções para noites sem choro no facebook.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Cinta pós-parto x Ginástica Hipopressiva


Usar ou não usar cinta pós-parto, eis a questão. Esse é um tema polêmico que gera muitas divergências. Há quem defenda o uso da cinta dizendo que ajuda a barriga a voltar mais rápido, que ajuda na recuperação e tal mas há quem a recrimine por deixar a musculatura preguiçosa. Vamos entender o que acontece com o nosso organismo então?
Logo que o bebê nasce, a musculatura do abdômen fica flácida, os órgãos internos estão se reajustando, o útero está voltando ao tamanho normal e parece tentador o uso da cinta para “ajeitar” tudo no lugar. Acontece que a cinta nesse caso acaba atrapalhando, te aperta, fica desajeitada, sente falta de ar, e acaba servindo somente como uma “muleta” pois não trabalha efetivamente a sua musculatura. Uma das opções para o corpo, e o abdômen voltarem ao tamanho normal, é amamentar. Durante a mamada produzimos ocitocina, que por sua vez, é responsável para contração uterina, você vai sentir o útero contraindo enquanto amamenta. A amamentação ainda ajuda na perda de peso.
A cinta traz também uma vantagem estética para as mulheres preocupadas com sua forma após a gravidez, proporcionando uma redução momentânea do abdômen. Não se deve, contudo, acreditar que a peça ajudará a diminuir a barriga a longo prazo.
"O mito em relação à cinta é que, usando ela, a barriga vai voltar mais rapidamente ao lugar. Ela tem seu tempo para voltar ao normal, o organismo vai se adaptando à ausência da gravidez, e a barriga some", afirma Marco Capel, da Pro Matre.
Segundo Corintio Mariani, o uso do acessório pode até atrapalhar esse processo natural. "Ao comprimir os músculos da região abdominal, a cinta impede que eles trabalhem de modo fisiológico para eliminar a flacidez, decorrente da distensão a que foram submetidos durante a gravidez, e assim recuperem o tônus anterior", afirma o obstetra. Para ele, se o objetivo é recuperar a musculatura, é preferível que a mulher faça exercícios abdominais, quando for liberada para atividade física por seu médico.
Além disso, o uso da cinta de forma exagerada, aumentam as chances de edema abdominal, dor, falta de ar e até trombose.
Diante disso, há alguns exercícios chamados de "hipopressores" que ajudam com a musculatura dessa área logo após o parto. A ginástica combina uma série de exercícios da musculatura abdominal, pélvica e peitoral, produzindo um movimento dos músculos abdominais conhecido como manobra de aspiração diafragmática, que tem como objetivo puxar órgãos da pelve como a bexiga, o útero e os ovários para cima estimulando a musculatura do assoalho pélvico. Seu objetivo é reduzir a pressão intra-abdominal fortalecendo a musculatura interna do abdômen, além de fortalecer o períneo e reduzir a compressão dos discos invertebrais na região lombar.
Os resultados obtidos com a prática dos exercícios hipopressivos variam de pessoa para pessoa. Vai de cada um conseguir desenvolver o controle dos músculos e perceber a região. Ao contrário das tradicionais abdominais, a terapia com os exercícios hipopressivos exige essa percepção do corpo e uma concentração semelhante à prática dopilates e da ioga para que possa aliviar a tensão da região. Por isso, algumas pessoas encontram uma maior dificuldade que outras, que conseguem perceber os resultados no corpo logo nas primeiras semanas.



Como fazer a ginástica:



  1. Expire (solte o ar) e encolha a barriga, como se fosse encostar o umbigo nas costas. 
  2. Contraia todos os músculos abdominais. 
  3. Permaneça nessa posição por alguns segundos. 
  4. Respire normalmente, mas mantenha a barriga para dentro, com os músculos contraídos por mais alguns segundos. 
  5. Depois relaxe por cerca de 30 segundos e faça mais 5 séries de 15 segundos.
Veja também alguns vídeos que ensinam a técnica:















Estou grávida e agora? O passo-a-passo até o parto

Por Adèle Valarini, doula, educadora perinatal e psicóloga em formação:

A descoberta da gravidez é um momento complicado, marcado por emoções fortes e ambivalentes, oscilando da euforia ao pânico total! Com a chegada de um novo membro na família surgem novas dúvidas e dilemas na vida do casal. Diante dele, abre-se todo um novo mundo, ainda desconhecido, e que rapidamente revela-se amplo e complexo: o mundo da Maternidade.

Planejar o nascimento e a chegada do bebê é uma tarefa árdua, e que ocupa plenamente os nove meses de gestação. A seguir, veja suas principais etapas:

Primeiro passo: encontrar uma equipe de saúde (de preferência Humanizada)

É o primeiro passo mas também o mais dificultoso: algumas mulheres passam praticamente a gestação inteira procurando uma equipe adequada, que as trate com respeito e carinho, e confie em sua capacidade de parir naturalmente, sem intervenções desnecessárias.

Uma equipe humanizada é composta de:

  • um Obstetra humanizado, que acompanha a mulher durante o Pré-Natal, pede exames e, durante o trabalho de parto, intervém apenas quando necessário (em caso de intercorrências que necessitam de intervenção médica ou cirúrgica) - Em casos de mulheres que optam por parir fora do hospital (em Casa de Parto ou em casa), é importante contar com o apoio de um Obstetra humanizado, que concorde em ser seu "plano B", caso uma remoção para o hospital se faça necessária;
  • um Pediatra Neonatologista humanizado, que é responsável pelos primeiros cuidados com o bebê (o ideal é escolher o pediatra neonatologista ainda durante a gestação, para evitar que o bebê seja recebido por um plantonista não-humanizado na hora do nascimento no hospital e passe por procedimentos desnecessários) - Em casos de mulheres que optam por parir fora do hospital (em Casa de Parto ou em casa), é importante contar com o apoio de um Pediatra humanizado, que concorde em ser seu "plano B", caso uma remoção para o hospital se faça necessária;
  • Enfermeiras Obstetras (EOs), que dão atenção às mulheres em trabalho de parto de baixo risco, (que não requerem intervenções de um Obstetra). As EOs podem atender em ambiente hospitalar, em Casas de Parto ou na residência da gestante - Segundo a recomendação do Ministério da Saúde, a gestante de baixo risco deveria ser acompanhada por uma EO durante seu parto, e o médico apenas deveria ser acionado em casos de intercorrências, quando sua experiência e técnica são medicamente necessárias;
  • Obstetrizes ou Parteiras, que acompanham partos de mulheres de baixo risco em ambientes extra-hospitalares - A escolha do atendimento por umaparteira não descarta a necessidade de contar com o acompanhamento de um Obstetra humanizado, caso uma remoção para o hospital se faça necessária.

A escolha de uma equipe humanizada completa é essencial para que a gestante tenha a segurança de estar sendo bem acompanhada em caso de qualquer intercorrência ao longo de sua gestação ou parto. É essencial que a gestante conheça bem, e confie, na sua equipe de saúde, pois otrabalho de parto necessita de um estado mental de completa entrega e tranquilidade, o que é dificultado quando pessoas desconhecidas ou com as quais a mulher não tem empatía adentram a cena de parto.

Segundo passo: escolher a sua Doula

Doula ajuda muito o casal durante a gestação, pois lhe traz muitas informações relevantes e ajuda a diminuir os níveis de ansiedade. Quanto mais cedo a Doula entra na vida do casal, melhor! Muitas vezes, a Doula acompanha até mesmo casais que desejam engravidar e já estão à procura de uma equipe humanizada, afinal, as Doulas trabalham nesse meio e conhecem muitos profissionais.
Por sua experiência, as Doulas são capazes de explicar muitas coisas para o casal, ajudando-o a se prepararconscientemente para a chegada do bebê. Muitas Doulas também organizam encontros de gestantes, o que permite ao casal criar uma rede de apoio emocional e trocar vivências e experiências. Isso tende a deixar o casal mais seguro.

Escolher uma Doula é como escolher um namorado: às vezes são necessários encontros com várias até que se encontre a Doula Ideal. O mais importante é ter empatía. A Doula está lá para dividir os momentos felizes e as expectativas do casal gestante, mas também suas angústias, medos e preocupações. O casal deve se sentir à vontade para ligar para a Doula e contar com sua presença sempre que for preciso.

Terceiro passo: começar a frequentar um Grupo de Gestantes

Participar de um Grupo de Gestantes (presencial e/ou virtual) é muito importante, sobretudo se o casal está planejando um Parto Natural. A convivência com casais que já passaram pela experiência é extremamente enriquecedora, ajudando a fortalecer a confiança do casal em sua decisão, diante das inevitáveis adversidades com que se depararão ao longo da gestação.
Em uma sociedade em que mais de 50% dos bebês são nascidos porCesarianaParto Normal não é mais tão normal - nem tão fácil de se conseguir - assim... Entre histórias relatadas por próximos (e às vezes nem tão próximos), a mídia mostrando imagens assustadoras de partos terrivelmente traumáticos (até para quem assiste), e pessoas pressionando abertamente o casal para a escolha pela cesárea, é difícil manter a determinação de ir adiante com o parto da maneira mais natural e fisiológica possível. A existência acolhedora de um Grupo de Gestantes é, para muitos casais, um fator determinante no empoderamento para o Parto Natural.

Quarto passo: começar a pensar, planejar e preparar-se para o parto

Quanto antes o casal começar a pensar sobre o que deseja para o seu parto, e se informar sobre as possibilidade de conseguir o que quer, melhor! Conhecer os seus direitos, e as recomendações da OMS no atendimento ao Parto Normal, já é um bom começo!

É recomendado que o casal faça um Plano de Parto durante a gestação. O Plano de Parto não é uma garantia de que todos os desejos do casal serão respeitados, mas sua elaboração durante a gestação permite que esses desejos sejam discutidos com a equipe de saúde e que, assim, chegue-se a um consenso a respeito do atendimento ao parto. O planejamento do parto em detalhes a partir do Plano de Parto também permite que o casal visualize melhor como será o seu parto, e se sinta mais tranquilo e em controle da situação.

 A preparação para o parto é uma preparação completa: é necessário que a mulher cuide de sua alimentação e de sua saúde física, de preferência contando com a ajuda de profissionais especializados, mas também deve haver uma preparação psicológica para o parto. Essa preparação passa pela leitura de relatos de partos e textos que explicam as alterações e sensações naturais da gestação e do parto, mas também pela visualização de vídeos de partos humanizados, que permitem desmistificar a dor e criar uma imagem inconsciente mais positiva do parto, e pela informação teórica que permite paliar as dúvidas e acabar com os medos do casal.

A preparação psicológica para o parto é um processo longo e complexo, que requer de muito apoio. É papel da Doula ajudar o casal nesse processo, porém algumas mulheres e homens necessitam, às vezes, recorrer a ajuda de um profissional especializado. Algumas mulheres relatam que só mesmo em seu segundo ou terceiro parto estavam plenamente preparadas para a experiência, por isso é importante começar a pensar sobre o parto, planejá-lo e preparar-se para ele o mais cedo possível, se possível, antes mesmo de engravidar!

Quinto passo: fazer visitas e escolher o ambiente de parto

Uma das propostas da Rede Cegonha é que a gestante do sistema público de saúde seja informada, desde o início do pré-natal, sobre o local onde ocorrerá seu parto. Para as mulheres que possuem convênio ou se dispõem a pagar seu parto, existe a opção de escolher a maternidade ou hospital no qual o casal se sinta mais confortável para trazer seu filho ao mundo. Além disso, muitas cidades contam hoje com Casas de Parto, e existe também a possibilidade de se optar por um parto domiciliar (com a devida assistência para assegurar que nada de errado aconteça). Como saber qual dessa opções é a melhor para você?

Fazer visitas aos diferentes locais, conhecer e conversar com os diferentes profissionais, fazer perguntas e mostrar seu Plano de Parto (as reações dos profissionais diante do Plano de Parto podem ser reveladoras) são maneiras de conhecer melhor as diferentes opções e fazer uma escolha informada do melhor ambiente de parto para sua família (Não hesite em voltar para visitar novamente, se sentir necessidade).

O local de parto deve ser um lugar no qual você se sinta à vontade, confortável e segura, tanto no caso de tudo correr bem quanto no caso de acontecer algum imprevisto. Você deve se sentir segura para chegar lá e saber circular pelo ambiente, conhecer as pessoas, e deve ser informada de todos os procedimentos da instituição (os de rotina e os que são feitos em casos de emergência).

Mesmo no caso de um parto em casa, é importante conhecer o hospital para onde será feita uma possível transferência, caso necessária. Quanto melhor a gestante conhecer todas as suas opções, mais segura se sentirá.

Sexto passo: preparar a família

A família pode ser uma grande aliada durante a gestação e parto do casal, ou pode acabar se revelando um grande empecilho!
É importante que a família se prepare também para a chegada do bebê: as pessoas mais próximas do casal devem procurar se informar a respeito do processo natural de gestação e parto e, se possível, participar dos grupos de gestantes (presenciais e/ou virtuais) junto com a gestante.

Ver os vídeos e ler os textos que inspiraram o casal a tomar as decisões que tomou a respeito do seu parto são excelentes iniciativas para os membros da família que desejam fazer parte desse momento e apoiar o casal da melhor maniera possível.

Sétimo passo: preparar o enxoval

A maioria dos bebês necessita de menos coisas do que os pais acreditam que precisam.

As primeiras semanas são marcadas pela adptação mútua do bebê e do casal, e pela definição de um estilo único de maternagem-paternagem. Alguns casais perceberão que preferem ter seus filhos próximos a eles, na cama ou em um bercinho ao lado da cama, e não precisarão de um berço em outro quarto; já outros casais gostarão de colocar seus filhos desde o início em um quarto próprio; alguns pais escolherão fazer uso de luvinhas, chupetas, mamadeiras, acessórios para a cabeça, etc. em seus filhos, enquanto outros escolherão não fazê-lo. Tudo dependerá da necessidade do bebê e do que parecer mais confortável para os pais nesse momento. Não há como prever isso.

Muitas famílias investem bastante dinheiro em um enxoval lindo, maravilhoso, e acabam não usando praticamente nada! Seja por que o bebê nasceu maior do que o previsto e aquela pilha de roupinhas tamanho RN já não servia, seja por que o bebê e a Mamãe se sentem melhor usando um sling do que um carrinho, ou por que os objetos comprados não cumprem seu propósito de realmente facilitar a vida dos pais.
Não há necessidade de encher o quarto do bebê com ursinhos de pelúcia ou aparatos coloridos, luminosos e sonoros, pois ele, ao nascer, ainda está muito imaturo para aproveitar tudo isso. Tudo que o recém-nascido quer, nas primeiras semanas de vida, é colo e peito da mãe, de preferência o tempo todo (como qualquer filhote de primata). Ele não se importa de ter o melhor carrinho do mercado, o bercinho X, Y, Z, tudo combinando ou nas cores apropriadas para seu sexo.
Antes de sair às compras durante a gravidez, lembre-se: você ganhará muitos presentes! Organizar festinhas de despedida da barriga e chás de bebês pode ser uma boa maneira de ganhar praticamente tudo o que se necessita nas primeiras semanas do bebê, sem precisar gastar um dinheiro que pode vir a ser necessário para o planejamento do parto.

Oitavo passo: preparar-se para a amamentação

Muitas mulheres não se preocupam com a amamentação até as últimas semanas antes do parto, quando começam a se sentir angustiadas por ainda não estarem produzindo leite. É importante dedicar tempo ainda na gestação para a procura de informações a respeito do processo deamamentação e do desenvolvimento normal do bebê.
Os seios não precisam de nenhuma preparação específica para a amamentação: eles mesmos se modificam durante a gestação, tornando-se mais escuros e mais "saídos". Muitas mulheres começam a produzir o colostro, que é o primeiro leite, ainda durante a gestação mas, se isso não acontecer, não se preocupe: o colostro virá quando o seio for estimulado pela sucção do bebê.

O leite mesmo só chega no terceiro ou quarto dia após o parto, quando os seios se enchem de leite em um fenômeno chamado apojadura. Muitas mães ficam com medo de não terem leite suficiente, pois não conhecem este fenômeno. Por isso é importante começar a pesquisar sobre o processo de amamentação antes da chegada do bebê!


Fonte: http://adeledoula.blogspot.com.br/2012/07/estou-gravida-e-agora-o-passo-passo-ate.html

Quer tirar dúvidas e saber mais sobre a amamentação entre no Grupo Virtual de Amamentação!

Aproveitem as dicas e sucesso nessa nova etapa!

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Lei de Proteção à Mãe que Amamenta: em qualquer hora e em qualquer lugar!

"De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o Aleitamento Materno é o padrão Ouro de nutrição infantil os primeiros anos de vida do bebê. Ele é o alimento ideal para o crescimento, desenvolvimento e saúde da criança e deve ser incentivado até os dois anos e meio ou mais.
Mães diariamente são impedidas e/ou constrangidas por amamentar seus bebês em locais públicos e privados.
Amamentar é um ato natural e puramente amoroso e deve ser protegido e respeitado por toda a sociedade."


Vamos colaborar para que nós mães tenhamos o direito de amamentar em qualquer local, seja público ou privado, pois amamentar não tem hora nem lugar. 

Clique aqui e assine o abaixo assinado

Lei de Proteção à Mãe que Amamenta: em qualquer hora e em qualquer lugar!

sábado, 2 de novembro de 2013

Resposta à matéria sobre a lei da palmada na Suécia


Está rolando uma matéria na mídia (original da associação francesa de notícias APF) sobre educação infantil na Suécia, que foi traduzida para o português e publicado em várias agências de notícias brasileiras. 


Um fato curioso é que o artigo original NÃO discute palmadas, mas discute educação familiar.

Curiosamente, por algum motivo, a palavra ‘palmada’ e a lei que proíbe castigos físicos acabou no título da matéria!

Podemos pensar em vários motivos. Por exemplo, que uma lei que proíbe castigos físicos na França está em tramitação então chamar atenção ao fato seria uma jogada política para tentar manipular a opinião pública naquele país. Ou, outro motivo talvez seja o fato do psiquiatra sueco entrevistado, Dr. David Eberhard ter escrito e lançado recentemente um livro sobre o tema educação infantil e essa seria uma estratégia de marketing para sua venda. 

São especulações, mas o fato é que Dr. Eberhard NÃO está argumentando que se deva re-introduzir o uso de palmadas nas famílias suecas, como muitas pessoas estão interpretando.

Ele está criticando, sim, o modo de educação sueco de uma maneira generalizada. Mas, ele não realizou absolutamente 
NENHUM estudo científico epidemiológico sobre o tema, portanto a matéria é opinativa, e não científica. 

Não foi realizado estudo algum que pudesse descobrir uma relação causal entre a lei contra castigos físicos e o estilo de educação realizado nos dias atuais (lembrem-se, 30 anos depois!).

Nenhum questionário foi feito, aplicado, e interpretado, onde fatores confundidores (outros fatores que podem interferir no resultado final) fossem bem controlados. Nada disso. 

Não se enganem! O psiquiatra apenas deu sua opinião e citou o caso de algumas poucas famílias problemáticas para respaldá-la. 
Podemos entrevistar outros psiquiatras, ou outros profissionais de áreas afins, e angariarmos vários outros tipos de opiniões. Sem um estudo bem feito, tudo isso não passa disso mesmo – opinião, e não fato. 

A Suécia tem uma lei que proíbe castigos físicos em crianças desde 1979. Foi o primeiro país que adotou essa lei, e desde então mais países a adotaram – no total foram 33 países no mundo todo. Na América do Sul somente Venezuela e Uruguai adotaram lei semelhante. Mas a tendência evolutiva é que mais e mais países reconheçam o direito das crianças de serem educadas com respeito e inteligência.

A lei sueca de 1979 demorou décadas para se concretizar: em 1920 houve a primeira descrição de direitos das crianças; em 1958, proibiu-se castigos físicos em escolas, e então nos anos 70, após alguns casos de ‘espancamentos disciplinatórios’, em 1977 o parlamento sueco criou o comitê para discutir direitos das crianças. Antes da lei de 1979 se tornar oficial, foi explicado à população que a lei não resultaria em punição aos pais (inclusive traduzido em várias línguas e impresso em caixas de leite); que crianças devem ser tratadas com respeito pela pessoa e indivíduo que são e merecem uma boa educação sem uso de punições corporais ou qualquer outro tratamento humilhante. 

Em 1965, metade dos suecos acreditavam que era preciso bater em crianças para educá-las. Em 1981, somente um quarto achava. Em 1994, 11% da população apoiava o uso de punição corporal. 

Estatísticas criminais indicaram que houve uma diminuição no número de adolescentes entre 15-17 anos envolvidos em vários tipos de crime, incluindo roubo, crimes por narcóticos, estupros e outros entre 1983 e 1996. O uso de álcool/drogas e suicídio também diminuiu entre 1971 e 1997.* 

Estudos feitos em 2000 com entrevistas de pais de 1.609 crianças, e um questionário nacional preenchido por 1.764 crianças entre 11-13 anos, e uma pesquisa nacional respondida por 1.576 pessoas de 20 anos revelaram que, em comparação com estudos anteriores, menos crianças (20%) relataram apanhar, e 4% de crianças entre 11-13 anos e 7% de jovens de 20 anos, relataram punições corporais severas com objetos. Entrevistas com pais revelaram que 53% apoiavam palmadas em 1965 e somente 10% em 1999. A proporção de crianças que aceitavam punições corporais também diminuiu de 50% em 1995 para 25% em 2000. (Janson, S., 2000, Children and abuse - corporal punishment and other forms of child abuse in Sweden at the end of the second millennium: A scientific report prepared for the Committee on Child Abuse and Related Issues, Ministry of Health and Social Affairs, Sweden,www.regeringen.se/content/1/c4/11/98/b1ebdfe0.pdf )

Existem muitos dados, relatórios e estudos, mas vamos parar por aqui, pois acreditamos que os benefícios da aplicação da lei na Suécia estão explícitos. 

Agora temos que tocar em outro ponto. Quando se fala em abolir castigos corporais, não se fala em abolir os limites. Em abolir a educação. O problema é que a maioria dos pais não sabe dar limites sem ser batendo e só conhece dois caminhos extremos: da tirania da palmada à total permissividade.

Como se houvessem somente dois aspectos na educação infantil – permissividade e autoritarismo. Enganam-se. Na verdade, são quatro estilos: autoritarismo (com uso de castigos físicos e psicológicos), negligência, permissivismo e autoridade amorosa (disciplina positiva).

Convido os leitores a ler esse texto e compreender a diferença entre os quatro estilos, para assim tomar uma decisão consciente sobre isso – https://www.facebook.com/notes/bater-em-criança-é-covardia/onde-está-a-linha-tênue-entre-o-permissivismo-e-o-autoritarismo/602041956522188

Entenderão que ensinar limites passa longe da palmada. Crianças mal educadas sempre existirão simplesmente porque sempre existirão pais mal preparados. 

Se seguirmos a linha da matéria, poderíamos fazer uma reportagem com crianças brasileiras que desrespeitam professores, ameaçam fisicamente e dizer que a culpa é da educação por palmadas.

Desafiamos a todos que a matéria é uma crítica à permissividade.

Cabe aos pais se envolverem, se conectarem com seus filhos e educarem sem agressões. Cabe a eles se comunicarem com seus filhos, ao invés de ficarem nos seus eletrônicos ou na frente da TV. O fato é que pais não estão mais envolvidos com seus filhos, e não que não batem neles. Eles estão ignorando os filhos e quando algo dá errado, eles punem ao invés de ensiná-los. 

Uma criança mal educada é produto de seu ambiente, então uma criança particularmente ‘mimada’ diz mais a respeito dos seus pais do que dela mesma. 

Novamente desafiamos que punição não tem NADA a ver com educação. O que tem a ver é conexão, envolvimento com os filhos, exemplos, respeito mútuo. 

Se a Suécia está errando no lado da permissividade, o Brasil está errando no lado do autoritarismo com uso de castigos físicos. 

Num país onde 15 crianças são espancadas por hora, e todos, absolutamente TODOS espancadores justificam ‘estar educando’, está mais do que na hora de refletir, evoluir e se envolver mais na educação respeitosa e inteligente para com nossos filhos. 

* Fontes: Durrant, J., 2000, A Generation Without Smacking: the impact of Sweden’s ban on physical punishment, Save the Childrenwww.endcorporalpunishment.org/pages/pdfs/GenerationwithoutSmacking.pdf)
Durrant, J., 1996, The Swedish Ban on Corporal Punishment: Its History and Effects www.nospank.net/durrant.htm 

Durrant, J. & Olsen, G., 1997, “Parenting and Public Policy: Contextualizing the Swedish Corporal Punishment Ban”, Journal of Social Welfare and Family Law, vol. 19, issue 4, pp. 443 – 461

Durrant, J, 2000, “Trends in Youth Crime and Well-Being Since the Abolition of Corporal Punishment in Sweden”, Youth and Society, vol. 31, no. 4, pp. 437 – 455www.radford.edu/~junnever/articles/sweden.pdf


(Texto elaborado por A. Mortensen para a página 'Bater em criança é covardia')