terça-feira, 7 de março de 2017

Por que o meu bebê chora?

Ao se falar no choro do bebê, devemos pensar primeiramente, no binômio mãe-bebê. Por cerca de 9 meses, mãe e bebê foram um só e mesmo após o nascimento, o bebê ainda não tem essa percepção de que ele e a mãe são pessoas diferentes. Essa percepção ocorre por volta dos 8 meses de idade.
Partindo desse princípio, é essencial que mãe e bebê não sejam separados após o nascimento, mas sim, que seja incentivado o contato pele a pele a partir daí e a amamentação na primeira hora de vida.
Diferente de outros mamíferos, o bebê humano precisa completar grande parte do seu desenvolvimento fora do útero materno. Segundo Sigmund Freud, o bebê humano chega ao mundo "inacabado".
Os primeiros anos de vida, são os anos de aprendizagem, de descobertas, inclusive da descoberta de como é ser um humano. Dentro desses primeiros anos, os primeiros 3 meses são os mais intensos. Faz-se necessário que mãe e bebê aprendam um a linguagem do outro e para isso, a não interferência de terceiros vale ouro e respeitar a intimidade dos dois é primordial. Nessa fase, mãe e bebê estão em outro mundo e a ajuda que a mãe precisa é no serviço doméstico e com os outros filhos, enquanto que com o bebê em si, seria mais ajuda com banho, troca de fraldas, essas coisas, com o consentimento da mãe, é claro.
Quanto menor a criança, mais telepática ela é. Ela capta não só o que acontece à sua volta, mas também em nível de energia, principalmente da mãe. É um ser extremamente sensível e vulnerável.
Ao nascer um bebê, é comum que várias pessoas comecem a visitar aquela pessoa e o novo ser. Ou até mesmo, alguém se muda para aquela casa com a intenção de ajudar a nova mãe. Em muitos casos, o que acontece é o contrário, pois as pessoas tentam nos empurrar sua forma de criar, de fazer, interferindo assim, na intimidade desse binômio e gerando uma tensão. É extremamente importante que a mãe receba cuidados e ajuda nos afazeres da casa para que ELA se conecte ao bebê. Magoar a mãe, desqualificá-la, estressá-la, pode virar cólicas na criança e até mesmo um resfriado.
Segundo Eleanor Luzes, médica psiquiatra e analista junguiana, "Quando uma criança chora, quem precisa ser acolhida é a mãe, algo nela não está sendo cuidado... A criança chora pela mãe". No final do texto tem um vídeo, que recomendo fortemente não só para as mães, mas para os que vivem em volta da criança e da mãe.
Além dessa imaturidade no psicológico, digamos assim, há também a imaturidade fisiológica. O intestino do bebê, por exemplo, termina de ser formado por completo somente por volta dos 3 meses. Há que se ter essa compreensão para que saibamos esperar com cuidado esse desenvolvimento, o mais natural possível. 
Em último caso, é comum que o bebê tenha alguma intolerância ou alergia a algum alimento que a mãe esteja consumindo. Mas essa hipótese, deve ser avaliada somente se o bebê, mesmo com toda a conexão com a mãe, pele a pele, aconchego, ofurô, ainda apresenta um choro insistente e prolongado por dias. A alergia em si, costuma vir junto com outros sintomas. Sendo assim, não é preciso sair cortando os alimentos da mãe, sem realmente ter uma suspeita.
O bebê chora então, por diversos fatores como frio, calor, cólicas, uma etiqueta na roupa, fome, sono, cansaço, estresse e até por se sentir inseguro ou em perigo. A amídala na parte inferior do cérebro, que funciona como um detector de provável perigo funciona perfeitamente logo após o nascimento. Sendo assim, qualquer sinal diferente daquele em que ele estava acostumado dentro do útero fará com que ele fique em alerta. Ele não tem como saber, por exemplo, que o barulho de um liquidificador, de tunts tunts de som alto, não é um predador prestes a devorá-lo.
No início, com a adaptação tanto da mãe quanto do bebê ainda é difícil identificar o motivo do choro, mas com o tempo, e mantendo essa conexão, a mãe aprende a identificar os tipos de choro, assim como o bebê aprende a identificar os atos da mãe, ambos aprendendo a linguagem um do outro.
O choro costuma ter um pico por volta de 3 e 6 semanas do bebê e diminui por volta de 12 a 16 semanas. Há algumas fases em que os bebês os bebês costumam ficar mais chorosos e/ou agoniados, demandando mais atenção, mais mamadas, que são os chamados "picos de crescimento" e "saltos de desenvolvimento". Os picos de crescimento são as fases de crescimento do bebê e os saltos de desenvolvimento é quando o bebê aprende algo novo. Logo após um salto, é possível notar que o bebê aprendeu pequenas coisas como segurar objetos, bater palmas, sentar, engatinhar... Nos quadros abaixo mostra, em média, quando essas fases costumam surgir.



Crise dos 3 meses

Por volta dos 3 meses, às vezes antes, é normal que o bebê adquira mais prática na amamentação, sendo capaz de mamar tudo o que precisa em cerca de 5 minutos ou menos. A mãe, que era acostumada a ficar com seu bebê por horas no peito, se assusta, achando que o filho não está mamando o suficiente. Dessa forma, insiste para que ele mame mais, ele rejeita, ela insiste e nesse jogo de vai e vem mãe e bebê se estressam e mais uma vez gera uma tensão. O que ocorre na chamada crise dos 3 meses?

1. O bebê que antes mamava em dez minutos ou mais, agora acaba em cinco ou menos;


2. O peito, que antes estava inchado agora está mole;


3. O leite que pingava, já não pinga.


4. O aumento de peso está cada vez mais lento.

São acontecimentos normais e esperados, mas que a mãe não foi informada e começa a ficar insegura. Além desses fatores, entre 2 e 3 meses, o bebê passa, ao mesmo tempo, por um pico de crescimento e um salto de desenvolvimento.
É nessa fase, também, que a produção de leite da mãe costuma ajustar-se de acordo com a demanda do bebê. O seio vai enchendo cada vez menos, afinal, peito não é estoque, é fábrica. Como assim? 80% da produção do leite, se dá enquanto o bebê está sugando. O leite que vaza, é excesso e incomoda. Assim, nossa natureza entende que não é preciso produzir em excesso mas sim, na quantidade que o bebê precisa. Quando a mãe não está ciente disso, acaba gerando mais estresse pois foi ensinada pela crença popular de que você só tem leite se estiver vazando.
O bebê começa a ficar mais ativo, gastando mais energia e ganhando cada vez menos peso. É nessa fase que costuma ocorrer grande parte dos desmames precoces. Geralmente pela falta de confiança da mãe e apoio. Seja por acreditar que a criança continua com fome, seja por achar que ele chora porque o leite não sustenta mais, seja por achar que ele não engorda porque o leite está fraco. Lembre-se: são eventos normais e esperados. Afinal, imagina como seria se o bebê continuasse ganhando a mesma quantidade de peso? Chegaria aos dois anos, ou até menos, obeso. Mantenha-se firme, paciente e segura da sua capacidade de amamentar. Acolha seu bebê e mantenha a conexão e o contato pele a pele para que essa fase passe da melhor forma possível.


Angústia da Separação ou crise dos 8 meses

A angústia da separação é a percepção do bebê de que ele e a mãe não são mais um só. Até então, ele acreditava que ambos eram um só corpo e inseparáveis. Assim, o bebê começa a se desesperar ao não ver sua mãe por perto. Essa angústia começa entre 6 e 8 meses e se estende até por volta dos 5 anos da criança, manifestando-se de uma forma ou outra, dependendo de como é conduzida. A separação aflige a criança tanto quanto a dor física. Se você não está com ele, não tem como ele saber que não foi embora para sempre e ele pode sentir pânico e aumentar significamente o nível de substâncias estressantes no cérebro da criança. Leia mais sobre a crise da separação em http://grupovirtualdeamamentacao.blogspot.com.br/2015/01/angustia-da-separacao-crise-dos-8-meses.html

Conforme já foi falado, há vários fatores para o choro do bebê, tanto fisiológicos quanto psicológicos. E para todos eles, a melhor forma de acolhê-lo é mantendo a conexão mãe e bebê. E finalizo com o vídeo da dra. Eleanor, conforme falado acima. 






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