terça-feira, 25 de março de 2014

Tabela de sono dos bebês

Tempo total de sono para diversas idades..

Tempo total de sono para diversas idades.

Recém-nascido: 1 Semana
- Bebê dorme bastante, 15-18 horas/dia
- Geralmente em intervalos de 2-4 horas
- Não há padrão de sono

2 a 4 semanas
- Sem tabela de horários, permita que o bebê durma quando precisa
- Bebê provavelmente não dormirá por períodos longos à noite
- O maior período pode ser de 3-4 horas


5 a 8 semanas
- Bebê está mais interessado em brinquedos e objetos
- O maior período de sono começa a aparecer regularmente nas primeiras horas da noite
- O período mais longo é de 4-6 horas (menos se tem cólicas)
- O bebê "fácil" tem períodos mais regulares
- Ponha-o para dormir aos primeiros sinais de cansaço
- Ponha-o pra dormir: não mais que 2 horas acordado
- Após acordar pela manhã já está pronto para soneca somente 1 hora depois
- O bebê vai se distrair mais facilmente, então precisa de um lugar quieto pra dormir
- Crie uma rotina de atividades que acontecem antes de cada soneca e da hora de dormir à noite
- Sinais de extrema fadiga: irritável, puxa o próprio cabelo, bate na própria orelha

3 a 4 meses
- A necessidade é maior de um lugar calmo e quieto para dormir, pois o bebê se distrai mais facilmente
- Não deixar o bebê acordado por mais de 2 horas (alguns aguentam somente 1 hora)
- 6 semanas de vida é quando o período de sono mais longo deve ser preferencialmente à noite (não de dia)
- O maior período de sono é somente de 4-6 horas
- Comece a colocar o bebê para dormir antes dele começar a ficar irritado ou sonolento


4 a 8 meses
- O sono do bebê se torna mais como o do adulto, com período inicial de não-REM
- A maioria acorda entre 7 da manhã, mas geralmente entre 6-8.
- Se o bebê acordar antes das 6 é bom colocar para dormir após mamar e trocar a fralda
- Não é possível mudar a hora que o bebê acorda de manhã colocando-o para dormir mais tarde
- Comidas sólidas antes de dormir também não resultam em acordar mais tarde
- O período acordado de manhã deve ser de cerca de 2 horas para bebê de 4 meses e 3 horas para bebês de 8 meses
- Então a soneca da manhã é por volta das 9 horas para a maioria
- Tenha um período tranquilo e quieto, parte da rotina de dormir, com duração máxima de 30 minutos. Essa rotina deve começar 30 minutos ANTES do fim do período que o bebê fica acordado
- Um soneca só é restauradora se é de 1 hora ou mais, algumas vezes 40-45 minutos conta, mas 1 hora ou mais é o ideal
- Conte com outra soneca após 2-3 horas acordado
- Evite mini-sonecas no carro ou parque
- Não deixe o bebê tirar uma sonequinha para compensar uma soneca perdida
- Se o bebê tira a soneca quando deveria estar acordado, bagunça a rotina acordado/dormindo
- A Segunda soneca é geralmente entre meio-dia e 2 da tarde (antes das 3)
- Deve durar 1-2 horas
- Uma terceira soneca poderá ou não ocorrer, se ocorrer será entre 3-5 da tarde e geralmente bem rápida
- A terceira soneca desaparece por volta dos 9 meses de idade
- A hora de dormir ideal é entre 6-8 da noite, decida pelo quanto a criança está cansada
- Empregue uma rotina antes da cama com a mesma sequência de eventos toda noite, assim a criança começará a predizer o que vem a seguir, ou seja, o sono
- A criança poderá acordar de 4-6 horas depois para mamar, algumas estarão com fome mas outras vão dormir direto, depende do indivíduo
- Uma Segunda mamada poderá ocorrer por volta de 4-5 da madrugada.

9 a 12 meses
- A maioria dos bebês dessa idade realmente precisam de 2 sonecas/dia com duração total de 3 horas de sono
- Por o bebê pra dormir à noite mais cedo permitirá que ele durma até mais tarde de manhã (em alguns casos não )
- Rotina usual: acorda às 6-7 da manha, soneca da manhã 9:00, soneca da tarde 13:00 (antes das 15:00 pra não atrapalhar com o sono da noite), dormir à noite entre 18:00-20:00
- Se o bebê que dormia à noite toda começar a acordar, tente antecipar a hora de dormir gradualmente de 20-20 minutos.

12 a 21 meses (1 ano a 1 ano e 9 meses)
- Muda de 2 sonecas para 1 soneca/dia, total duração de sono 2 horas e meia
- Se a mudança para 1 soneca é difícil, tente por na cama mais cedo, a criança poderá tirar 2 sonecas num dia e 1 no outro até estabilizar

21 a 36 meses (1 e 9 meses a 3 anos)
- Maioria das crianças ainda precisam de uma soneca
- Em média a soneca é de 2 horas mas pode ser entre 1-3 horas
- Maioria das crianças dormem entre 7-9 da noite, acordam entre 6:30-8 da manhã
- Se a soneca não aconteceu, é preciso por na cama mais cedo ainda
- Se a criança não dorme bem durante a noite, não permitir que a criança tire a soneca pode ser problemático, causar extrema fadiga
- Se a criança acorda entre 5-6 da manhã, e está bem descansada, pode-se tentar encorajar mais sono com cortinas escuras
- Ir pra cama mais cedo pode resultar em acordar mais tarde de manhã (sono traz mais sono, na maioria dos casos)

3 a 6 anos
- A maioria ainda vai dormir entre 7-9 da noite, acorda entre 6:30 e 8 da manhã
- Aos 3 anos a maioria das crianças precisam de 1 soneca todos os dias
- Aos 4 anos, cerca de 50% das crianças tiram soneca 5 dias/semana
- Aos 5 anos de idade, cerca de 25% das crianças tiram soneca 4 dias/semana
- Aos 6 anos de idade as sonecas geralmente desaparecem
- Aos 3 e 4 anos a soneca dura 1-3 horas
- Aos 5 e 6 anos a soneca dura entre 1-2 horas

7 a 12 anos
- A maioria das crianças de 12 anos vão dormir entre 7:30 e 10 da noite, na média 9 da noite. A maioria dorme 9-12 horas/noite.
- Muitas crianças de 14-16 anos agora precisam de mais sono que quando eram pré-adolescentes para manter a atividade ótima e serem alertas durante o dia


Tradução: Andreia Mortensen

 (Baseada no livro 'Healthy Sleep Habits'' de Marc Weissbluth)

Retirado do grupo "Soluções para noites sem choro", disponível em: https://www.facebook.com/notes/solu%C3%A7%C3%B5es-para-noites-sem-choro/tabela-de-sono-dos-beb%C3%AAs/222824464408637

segunda-feira, 24 de março de 2014

Relato de parto humanizado do Isaac





Bom, primeiramente, eu gostaria de falar um pouco sobre como cheguei até aqui. Desde a primeira vez que engravidei eu sempre quis ter um parto normal e assim o fiz. Helena nasceu em 2009, de um parto normal (ou anormal para muitas, e eu até concordo com o termo) hospitalar. Concordo com o termo anormal pelo seguinte: a maioria das mulheres ao relatarem que não conseguiram progredir pra um PN, que a dor era insuportável, que não dilatavam, que sofreram ou até que desistiram de ter mais filhos, quando vamos analisar, sofreram intervenções hospitalares como sorinho com ocitocina, manobra de kristeller, jejum prolongado, ficaram sozinhas durante o trabalho de parto entre outros fatores. Ou seja, o problema não foi o trabalho de parto ou o parto em si, mas a forma como ele foi conduzido. Embora seja algo rotineiro nos nossos hospitais, não é normal. Uma série de protocolos ultrapassados que permanecem nos hospitais bem como a "ótima" qualidade na saúde do Brasil. E foi o que aconteceu comigo. Eu era completamente leiga no assunto e pensava que chegando a um hospital eu já conseguiria parir lindamente. Mas não, passei por todas as intervenções possíveis, o que me fez ter um parto doloroso e que não me permitiu sentir da forma como eu gostaria, além de uma episiotonomia desnescessária que me incomoda até hoje. Eu nunca engoli o fato de um bebê saudável, apgar 9, não ter ficado com a mãe desde q nasceu e eu só recebê-la horas depois já na sala de recuperação. Nunca engoli o fato de terem me cortado dizendo q era preciso, de terem subido em cima de mim, de terem me mantido deitada durante td o processo, de terem estourado minha bolsa, de terem me aplicado o tal sorinho deixando as dores mais fortes, enfim, eu queria que dessa vez fosse diferente.
Um dia meu marido chegou em casa e me pediu pra pesquisar sobre "parto humanizado", que um cliente dele lhe falara sobre. Comecei a pesquisar e me encantei. Foi aí que descobri o que era violência obstétrica e que era por isso que eu e várias conhecidas tínhamos passado e não sabiam. Vi relatos de parto como da Gisele Bundchen, Andrea Santa Rosa (esposa do Marcio Garcia), Fernanda Lima e outros relatos de pais não famosos e pensei comigo mesma que era aquilo que eu queria pra mim. Comecei a pesquisar e estudar a fundo sobre o assunto e assim que engravidei comecei a participar de alguns grupos sobre e foi aí que conheci o primeiro anjo que me auxiliou nesse processo. Me deparei com o blog da querida Adèle Valarini, e a quis como doula. Mas ela acabou se tornando mais que uma doula, uma amiga a todo o tempo. Fui me informando e estudando cada vez mais e optamos por ter meu bebê na casa de parto como plano A, e o hospital perto de onde moro, como plano B. Eu queria minha família junto comigo nesse momento, meu marido, minha filha, que desde cedo a preparei para presenciar a chegada de um irmão.
Eu não gostava muito de falar sobre, pois a maioria das pessoas sequer sabem o que é um parto humanizado e muito menos o que é violência obstétrica. Estão tão acostumados com o sistema de saúde brasileiro que nem questionam mais nada. Logo imaginam que é aquele parto de cócoras e/ou na água e pronto. E não é isso, é muito mais.
Pois bem, os pródromos começaram por volta das 37 semanas. Eu sentia umas contrações, indolores até então, umas dores na lombar, nas pernas, uma pressão no períneo, mas por enquanto só incomodava mesmo. Perto das 39  semanas, comecei a perder o tampão. Aos poucos, iam saindo os pedaços e a ansiedade ia aumentando pois estava chegando a hora. Conversava só com Adèle e algumas amigas que me apoiavam e ajudavam nesse processo. Pois escutar dos outros que sua barriga está baixa demais, que o bebê não vai esperar, que não vai dar tempo de chegar à casa de parto, que tá grande demais e afins não me ajudavam em nada, pelo contrário. Fiquei mais em casa para aproveitar os últimos dias de Helena como filha única e continuar me preparando física e psicologicamente para o momento sem querer escutar nada de negativo.
Com exatas 40 semanas, fui dormir e comecei com umas contrações na madrugada por volta de 1:30 h. Pensei comigo mesma que ainda eram os pródromos e continuei deitada. Mas dessa vez, não consegui dormir, pois as dores estavam a cada 20 min e não cessavam. Tentei td qnto era posição mas as dores começaram a ficar mais fortes. Chamei pelo meu marido e nada, dormia que roncava e só resmungava, rsrs. Então decidi levantar, preparar as coisas da escola da minha filha, caminhar um pouco e voltei pra cama pra ver se conseguiria dormir. Mas não dava mais para deitar, pois por volta das 3 hrs as dores estavam a cada 15 min e cada vez mais fortes. E aí foi qndo eu senti que ele realmente chegaria naquela hora e que eu já estava em trabalho de parto. Mandei msg pra Adèle, ela me sugeriu ir pro chuveiro e continuar acompanhando. Fui para o chuveiro quente e lá fiquei por cerca de 1 hora. Por volta das 4 hrs as contrações já estavam a cada 10 min e já estava me dando vontade de empurrar. Foi aí que eu resolvi gritar. Gritei pelo meu marido, gritei, gritei, até que ele finalmente acordou e foi ver o que era. Expliquei que estava em trabalho de parto e estava sentindo que não demoraria e que ele precisaria buscar Adèle urgente. Como ele não queria me deixar sozinha, mandamos mensagem pra Adèle vir de táxi e aí resolveríamos se ainda dava pra ficar em casa ou se iríamos logo para a casa de parto. Perto das 5 hrs, as contrações já estavam a cada 5 min. Adèle chegou por volta das 6 hrs e as contrações já estavam a cada 3 min e às vezes menos e à vontade de empurrar só aumentava. Ela chegou toda feliz com uma bola pra eu usar e logo que viu a quantas andava esvaziou a bola pois não daria tempo, pensávamos que eu já estava no expulsivo. Me arrumei, arrumamos Helena e partimos rumo à casa de parto. Bom, eu moro meio longe e ainda enfrentamos o trânsito da manhã, então dá pra imaginar como é passar boa parte do trabalho de parto dentro do carro e sentindo mais dor a cada quebra-mola, rsrs. Minha sogra estava meio com medo e dizendo que não daria tempo chegar, mas eu estava segura e preparada até para parir no carro se fosse o caso, rsrs. As dores já estavam bem fortes e a vontade de empurrar então nem se fala. Mas diferente do meu primeiro parto, eu o sentia, sabia onde ele estava e sentia sua cabecinha no meu cóccix.

Chegamos à casa de parto por volta das 8 hrs e ao ser avaliada, estava com 5 pra 6 cm de dilatação. Fui direto para o chuveiro para mais um banho quente bem demorado e me sentei na banqueta para ficar com a água caindo nas costas. Adèle me fazia massagem com óleo nas costas e ajudava a aliviar mais. Colocou tb umas músicas pra ajudar a relaxar. Eu não entendia o por que de estar só com essa dilatação pois a vontade de empurrar era enorme. Me falaram pra continuar respirando fundo e soltar o ar calmamente, vocalizando, e então me ofereciam mel para garganta e água. Me ofereceram algo para comer mas eu não conseguia comer nada àquela altura do campeonato. Depois de um tempo no chuveiro e fazendo mt força, a Clarissa, enfermeira da casa de parto, me avaliou novamente e disse que pela força que eu estava fazendo, teria dado um edema no colo do útero e que a partir daquela hora era pra eu segurar um pouco a vontade de fazer força nas contrações e tentar só respirar fundo e soltar o ar calmamente.

Eu saí do chuveiro e fui pra cama, consegui ficar mais confortável deitada e com Adèle levantando minhas pernas a cada contração. Pedi pra além de levantar minhas pernas, fazer uma pressão que ela fazia na minha lombar e aliviava as dores. Coitada, se virou nos 30 e deve ter ficado toda doída rsrs. E então eu já não conseguia mais não fazer força, já era inevitável.


Clarissa veio novamente e me disse que faria um ponto de acupuntura no meu tornozelo para ajudar. Pouco tempo depois do bendito ponto eu senti vontade de ir pra banheira e empurrar cada vez mais.
Fui para a banheira e fiquei na posição cachorrinho por um tempo e conversando com minha filha Helena. Durante todo o processo pude contar com a presença do meu marido, minha filha, minha irmã e minha tia, que se revezavam entre eles. Helena não queria sair de perto de mim em nenhum momento, então vez ou outra minha tia a levava para dar uma volta, ir ao parquinho e tal e logo voltava. E aí falamos em pedir para o papai do céu, para que ajudasse o irmão a nascer logo pois a mamãe já estava bem cansada.

Qndo senti que ele havia descido mais, mudei de posição e sentei de frente. Estava meio desconfortável, então me ofereceram ficar sentada na banqueta dentro da banheira. Com a ajuda da banheira e da banqueta, bastou algumas contrações para que a cabecinha começasse a coroar. Uma enfermeira me deu colo, me segurando pelas costas, enquanto outras duas me ajudavam com minhas pernas pois eu já estava sem forças para levantá-las. Qndo a cabecinha começou a aparecer, a enfermeira que me segurava, trocou de lugar com minha irmã, então minha irmã quem continuou me segurando e dando apoio. Meu marido não quis ver na hora do nascimento então saiu, deixando Helena, Adèle e minha irmã acompanharem. Numa única contração Isaac veio com tudo e saiu de uma só vez, bem rápido.



E aí mais uma vez se revezaram e minha irmã foi chamar pelo meu marido. Isaac não nasceu da forma convencional, nasceu, como diríamos, de cara pra lua, rsrs. Então, se formou uma bossa na sua cabeça que logo saiu e tudo voltou ao normal. Ele nasceu às 10:54 e veio após quase 10 horas de trabalho de parto, sendo umas 3 horas em fase latente. Nasceu com 53 cm e 3,380 kg. Eu só pensava em comer e dormir mas a emoção e a euforia era tanta que não consegui dormir. Ele veio para os meus braços assim que nasceu, mamou um pouco e só depois cortaram o cordão e o levaram para avaliar. Nisso, meu marido e filha, acompanharam tudo e eu do lado sendo avaliada também. Ficamos os 4 sempre juntos desde então e aí sim me senti completa e realizada pois era o pedaço que me faltava desde o meu primeiro parto.
Hoje eu só quero agradecer à todos aqueles que fizeram parte de uma forma ou de outra dessa minha conquista, me incentivando, apoiando, me passando palavras de carinho e conforto. Não posso deixar de ressaltar o quanto me apaixonei pela equipe da casa de parto. Quero agradecer à grande amiga Andrea Araciaba que sempre se fez presente e sempre me passou confiança. Às queridas amigas do GVA que me ajudaram tanto psicologicamente como fisicamente, mesmo algumas estando longe, bem como as amigas empoderadas, em especial à querida doula Adèle e a linda Elisa, sempre oferecendo ajuda e palavras de carinho. Às minhas primas empoderadas e humanizadas que sempre que nos encontrávamos conversávamos sobre e eu sempre recebia aquele carinho e apoio de que o parto humanizado era a melhor escolha. Meus pais que aprenderam junto comigo sobre esse universo e sempre me deram força. Minha irmã que estava presente durante todo o processo, bem como minha tia Marineth e meu irmão lindo e empoderado que também segue na luta pela melhoria do sistema obstétrico brasileiro. Minha cunhada Nelma, minha sogra e minha tia Célia, que sempre me ajudou e ainda ajudam com Helena. Às amiga Viviane Pires e Viviane Cenegalli, que estavam sempre em conexão participando de cada momento. Meu marido e filha que estiveram ali a todo o tempo, durante o trabalho de parto, parto e pós-parto. E no mais, a todos aqueles que acreditaram em mim, na minha força, e em nenhum momento me desanimaram.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

A recepção do recém-nascido e o vídeo que "emocionou" as redes sociais





Está circulando nas redes sociais esse vídeo em que o bebê não quer se separar da mãe e muita gente comentando, "ai que lindo", "que fofo" e afins. Eu te digo, não achei nada de lindo, mas sim doloroso, cruel, para mãe e filho, pois não precisava ser assim. Talvez até para o pai, que muitas vezes é impedido de estar presente, em companhia da mulher. Ela não precisava estar amarrada, assim como o bebê não precisava se afastar. O que me comove são as pessoas pensarem q isso é normal e não é. É rotineiro, mas não é normal. O ser humano é a única espécie que separa o bebê da sua mãe assim que nasce e eu pergunto, por quê? Alguém já se perguntou o por que de levarem o bebê e só trazer depois? O por que de você não poder ficar com seu filho assim que ele nasce? A única coisa de que o bebê precisa ao nascer é estar no colo da mãe. É sentir o seu carinho, é o aconchego, é mamar nos primeiros minutos de vida. O resto, na maioria das vezes, é desnecessário. O bebê ao nascer, deve ser colocado, de imediato, junto à mãe, e ali ficar por todo o tempo, salvo alguns raríssimos casos em que haja problemas específicos que necessite de atenção imediata.

Antigamente, "as mortes que ocorriam davam-se muito mais por desconhecimento (e portanto não tratamento) de fatores de risco durante a gravidez (como hipertensão ou diabetes), pela falta de sanitarismo básico e ações simples como lavar as mãos e ferver os utensilios usados para cortar o cordão umbilical por exemplo. 

Além disso, existiam (e ainda existem em algums regiões) alguns ritos que eram replicados de geração para geração, utilizadas no cuidado do coto umbilical como uso de substâncias que continham bactérias causadoras de riscos, danos e agravos à saúde do recém-nascido, predispondo-o a onfalites pela prática cultural (GALLAGHER; SHAH, 2009; SARAYVA, 2003)." (Retirado do Blog Mulheres Empoderadas)

Vejo muitas mães falando, "ah, mas assim que nasceu o bebê ficou o tempo todo comigo". Quando pergunto se só o aconchegaram no seu colo e pronto, se não saiu mais dali mesmo, nem por um minuto, aí se lembram "ah, na hora q nasceu o levaram, mas logo que voltou ele ficou o tempo todo comigo". E aí, você nunca se perguntou porque o levaram? O que fizeram com o bebê nesse tempo que ele passou afastado? Algo que eu nunca engoli foi isso.

Apesar das evidências demonstrarem a "não-necessidade" dessas intervenções, a maioria dos pediatras seguem o protocolo dos hospitais. Protocolos ultrapassados, que realizam intervenções de rotina nos recém-nascidos (assim como nas gestantes) e os tratam todos iguais, independente de necessitarem ou não de cuidados e sem respeitar nem um pouquinho as individualidades do momento único do nascimento e a transição do bebê do ambiente intra-uterino para o extra-uterino. 

Minha filha nasceu de parto normal hospitalar, saudável, apgar 9, nada de anormal nem comigo nem com ela. Mas ao nascer, eu não pude sentir seu corpinho e fui privada daquele contato pele com pele. A levaram e minha sogra, que era quem me acompanhava, foi atrás mas não a deixaram chegar perto e muito menos fotografar. E assim ela ficou, longe de mim, por pelo menos 1 hora. Eu estava sendo costurada por conta de uma episio (diga-se de passagem, desnecessária), e ela longe de mim, sabe lá fazendo o quê. Quando fui pra sala de recuperação, aí sim a trouxeram num berço, enroladinha, limpinha, e a deixaram do meu lado. Lembro como se fosse hoje, a enfermeira dizendo "tá aí, se quiser já pode amamentar". E eu pegá-la no berço, sem saber de nada, e colocá-la no meu peito, sozinha, sem ninguém pra explicar, mostrar nada. Pois bem, aquilo mexeu comigo e nunca entendi o fato de um bebê saudável não ter ficado comigo assim que nasceu. Pesquisando, me informando, é que fui entender o que acontecia aos bebês e o quanto isso era extremamente desnecessário e sem nenhum embasamento científico.

Vamos à lista de intervenções:


1. Clampeamento precoce do cordão umbilical:
Para iniciar o assunto, é importante frisar que cerca de 20% das crianças brasileiras estão anêmicas. O clampeamento precoce do cordão é o primeiro procedimento desnecessário feito no bebê. Ao se cortar o cordão precocemente (antes que ele pare de pulsar), o bebê é privado de até 40% do seu próprio sangue. Sangue este, que preveniria uma anemia futura. Se o cordão permanece ali, intacto, ligado ao bebê e a placenta...ele vai continuar a transferir todo o sangue do bebê para ele e vai aos poucos parando de pulsar, quando o bebê tiver recebido 100% do seu sangue, o cordão fica "murcho", para de pulsar, e pode ser cortado sem trazer nenhum dano ao bebê. 
Além disso, o bebê capta oxigênio utilizando os pulmões pela primeira vez no momento que nasce e inspira o ar (até então todo o oxigênio vinha através do cordão umbilical). Não cortar o cordão precocemente permite que o bebê continue a receber oxigênio do cordão umbilical, dessa forma ele tem a chance de aprender a respirar aos poucos, sem um corte abrupto. 


2. Aspiração das vias aéreas
O procedimento de aspiração rotineira para remover secreções das vias orais e nasais do RN tem uma utilidade um tanto duvidosa. Segundo os pediatras que o fazem os possíveis benefícios são a melhora da troca gasosa e redução da possibilidade de aspirar secreções. O que eles não contam é que os potenciais riscos da pratica incluem arritmias cardíacas, laringoespasmo (oclusão da glote devido a contraçäo dos músculos da laringe), e vasoespasmo da artéria pulmonar. A grande maioria dos bebês nascem bem e não precisam ser aspirados. Eles são perfeitamente capazes de limpar suas próprias vias áereas (tossindo, espirrando). Além disso, os bebês que nascem por parto vaginal, ao passar pelo canal de parto, os pulmões do bebê são massageados, provocando a expulsão natural dos líquidos. A aspiração, tanto a orotraqueal (pela boca) quanto a nasotraqueal (pelo nariz) causam muito desconforto para o bebê, basta que você imagine um cateter (sonda) sendo enfiado no seu nariz e indo até a sua traqueia, "aspirando" tudo que tiver lá e depois sendo puxado para fora novamente. Agora, imagine passar por esse procedimento no seu primeiro minuto de vida, após sair de um ambiente quentinho, escuro, protegido. Sem dúvida não é uma boa maneira de se chegar ao mundo né? 




E se o procedimento for necessário? Nesses casos devem-se utilizar pêras de aspiração ao invés de cateteres, dessa forma é menos provável que aconteçam arritmias. 


3. Aspiração gástrica
A prática de aspiração gástrica rotineira foi introduzida após uma sugestão não-testada, de que a angústia respiratória de lactentes de mães diabéticas frequentemente era causada por regurgitação e, sendo assim, a aspiração desse vômito poderia ser evitada por aspiração gástrica. A introdução do tubo no bebê recém-nascido pode causar bradicardia, laringoespasmo e pertubação do comportamento alimentar. Não existe nenhuma justificativa para a realização da aspiração gástrica rotineira. Porém, o procedimento continua a ser realizado todos os dias em diversos hospitais publicos e privados do país. Uma pesquisa baseou-se em prontuários de 277 recém-nascidos que nasceram de gestações de baixo risco e foram considerados vigorosos (ou seja, nasceram muito bem, obrigada!) no ano de 2006 em dois diferentes hospitais do país. Constatou-se que a aspiração gástrica foi feita em 94% e 86% dos bebês, respectivamente, enquanto a aspiração de vias aéreas ocorreu em 96% e 91% dos recém-nascidos. Portanto, mães e pais, não fiquem aí pensando que é "exagero, não devem fazer isso em todos!!"



4. Aplicação do colírio de nitrato de prata
Esse procedimento consiste em pingar uma gota de colírio de nitrato de prata em cada olho do recém-nascido de forma rotineira. Esse procedimento foi introduzido em 1881, para o controle da oftalmia gonocócica do recém-nascido (uma espécie de conjuntivite bastante grave, que é contraída no momento do nascimento, a partir do contato com secreções genitais maternas contaminadas com a bactéria), que era comum naquela época. O procedimento então passou a ser utilizado em todos os hospitais e continua sendo assim até hoje. A questão é que, bebês que nascem por cesareana, por exemplo, não passaram pelo canal vaginal, portanto, não tem chances de adquirir a doença. Alguém por favor me explica, POR QUE ELES TAMBÉM RECEBEM O COLÍRIO ROTINEIRAMENTE? E tem mais, o colírio de nitrato de prata resulta em um alto índice de conjuntivite química e é ineficaz contra a Chlamydia (que em muitas regiões é a causa mais comum de oftamia neonatal atualmente). Além disso, medicamentos tópicos aplicados aos olhos dos recém-nascidos podem reduzir a abertura ocular e inibir respostas visuais. Isso pode atrapalhar a interação visual entre a mãe e o bebê durante a primeira hora de vida. Infelizmente, o colírio de nitrato de prata (Credé) é recomendado (ainda) pelo Ministério da Saúde, e alguns estados têm legislação específica para o seu uso, mas ninguém pode ser OBRIGADO a deixar seu RN ser submetido a esse método ultrapassado que não previne a oftalmia por clamídia e ainda promove conjuntivite química. É absurdo. O que se pode fazer é solicitar ao obstetra (no caso de não ser um obstetra humanizado) que faça a cultura andovaginal para gonorréia durante o pré-natal. Com o resultado negativo em mãos, é possível argumentar com o pediatra durante a consulta pré-natal e exigir que seu bebê NÃO receba o colírio. Se o uso for necessário, o colírio de nitrato de prata pode ser substituído pela eritromicina, que previne tanto a oftalmia gonocócica quanto a por clamídia, ou seja, é mais eficaz. Além disso, mesmo que seja necessário o uso do colírio ele pode ser aplicado 1h após o nascimento do bebê. A primeira hora de vida do bebê não deve ser perturbada, mãe e bebê devem ser deixados em paz. 


5. Vitamina K
A administração de vitamina K nos recém-nascidos é uma forma de profilaxia contra a doença hemorrágica do recém-nascido.Na década de 50 (antes da vitamina K começar a ser utilizada de forma profilática) aproximadamente 4 a cada 1.000 nascidos apresentavam a doença. Até o presente momento, preconiza-se a administração de vitamina K em todas as crianças, pois as conseqüências desta hemorragia podem ser graves, justificando uma ação preventiva eficaz. A administração de Vitamina K é realizada nos hospitais através de uma injeção intramuscular na coxa do RN. Apesar de eficaz, esse procedimento é invasivo e muito doloroso. Podem-se obter índices semelhantes de proteção contra a doença administrando a vitamina K via oral, em doses repetidas (no dia do nascimento, e após 1 ou 2 semanas de vida). Deve ser ressaltado que os recém-nascidos com maior risco para doença hemorrágica, a saber, prematuros com baixo peso ao nascimento, com complicações perinatais, filhos de mães que usaram anti-convulsionantes, anticoagulantes e tuberculostáticos na gestação, devem receber a profilaxia na forma intramuscular. Ou seja, lactentes de alto risco devem receber a vitamina K intramuscular. E lactentes de baixo risco (bebês a termo, saudáveis, sem nenhuma complicação) podem receber a vitamina K via oral. O uso dessa forma de profilaxia exige que os pais se responsabilizem pela conclusão do tratamento, administrando as outras doses via oral em casa, no tempo estabelecido. Leia, pergunte, pesquise e converse com o pediatra. Sim, você tem opção!


6. Separação mãe-bebê. Tempo de "observação" no berçário (incubadora)
Na maioria dos hospitais em nosso país, os bebês depois de passarem por todos os procedimentos de rotina já listados acima, são apresentados a mãe (é nessa hora que geralmente os pais tiram as fotos em família) e já vão para o berçário, onde são pesados, medidos, muitas vezes já dão até banho...e depois ficam em "observação" (mesmo nascendo perfeitamente saudáveis) por X horas estipuladas no protocolo de cada hospital (já vi hospitais que deixam 2 horas, 3 horas, até 12 horas!). O bebê é deixado em berço aquecido ou incubadora, sozinho, em um "mundo estranho"...apenas por rotina. A minha filha ficou 3 horas no berçário...enquanto isso, eu pedia para que meus parentes fossem até o berçário e tirassem fotos dela através do vidro, e trouxessem para eu ver, para eu saber como ela era, como ela estava, onde ela estava. E o pior dessa separação, é que muitos hospitais introduzem as fórmulas enquanto os bebês estão no berçário, prejudicando o aleitamento materno e a saúde do bebê (foi o caso da minha filha, tomou NAN ainda no hospital). O Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde enfatizam cada vez mais a importância do contato pele a pele assim que o bebê nasce, e a amamentação imediata, além do alojamento conjunto durante todo o tempo. Não há nenhuma necessidade em levar o bebê para o berçário e deixa-lo horas lá. Aliás, há sim... a necessidade do hospital faturar um pouquinho mais...pelo uso dos equipamentos por X horas.






7. Banho e retirada do vérnix

O vernix caseoso é uma substância gordurosa produzida pelas glândulas sebáceas e que recobre a pele do RN; alguns estudos mostram uma ação protetora desta substância sobre a pele do bebê.
Ao nascer, normalmente, já dão o primeiro banho do bebê logo após o parto e retiram essa proteção. Mais um procedimento desnecessário, visto que o vérnix não é sujeira e só traz benefícios para a pele do bebê e a recomendação é que se espere um prazo médio de 24 hrs para sua retirada.
O vérnix atua como um creme evanescente que penetra nos poros ou desaparece em contato com as roupas em 12 a 24 horas, sendo assim, basta esperar que logo ele será removido por conta própria. E caso não saia depois de 24 hrs aí sim, recomenda-se que seja retirado.

A maioria das pessoas desconhece as funções protetoras do vérnix para a pele do recém-nascido. O banho, logo após o parto, pode retirar toda esta camada, deixando de observar seus inúmeros benefícios:
  • Bloqueio contra a perda de água no corpo e na pele;
  • Regulação térmica interna do bebê;
  • Hidratação da pele;
  • Proteção contra infecções causadas pelo contato com a pele, como as bacterianas. 
  • Ajuda na formação do manto ácido (proteção contra micro-organismos, tais como fungos e bactérias);
  • Contém melanina (proteína responsável pela coloração da pele e dos cabelos que protege contra os raios ultravioleta);
  • Regeneração da pele em decorrência de assaduras formadas nos recém nascidos após as primeiras semanas de vida.
Eu não entendo, como as pessoas podem ver vídeos como esse acima, ou até esse abaixo e achar "lindo" o milagre da vida. Esse vídeo mostra claramente algumas dessas intervenções e eu só sinto uma agonia tremenda ao ver. Veja você e me diga se isso é mesmo normal:



É isso! Esses são os procedimentos para os quais levam seu bebê ao nascer. Fora todas as intervenções que a mãe sofre sem necessidade. E é por conta deles e outros que hoje luto pelo meu parto humanizado. E não, humanizado não é parto na água ou de cócoras, mas sim um parto respeitável não só para mãe quanto para o bebê. Aqui segue um vídeo da querida Aláya Dullius sobre a diferença entre parto normal x natural x humanizado:




E para quem acha o vídeo lindo. Aqui segue algo que EU, acho lindo! Mães e bebês juntos, desde o momento do nascimento. E pais presentes, sem serem impedidos de participar desse momento.



Viviane Pires, e a pequena Alice sendo avaliada no colo da mãe.





Luciana Rodovalho, contando com o apoio e presença do marido a todo tempo





Daniele Carcute se deliciando com o momento no colo do maridão





Sávia Soares com a pequena Valentina





Fernanda Rezende Silva e sua princesa, que ao contrário do que ocorre no vídeo, ali ficou por todo o tempo.


Elisa Lorena com a pequena Yara


E para finalizar, aqui segue mais um vídeo sobre a humanização desse momento:





Referências:
A recepção do recém-nascido, disponível em: http://partohumanizadob.blogspot.com.br/2012/07/recepcao-do-recem-nascido.html
O papel do vérnix na pele do seu bebê, disponível em: http://www.popmundi.com.br/vidaeestilo/saiba-mais-o-papel-do-vernix-na-pele-do-seu-bebe/

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Olha esse vento nas costas menino!

Por Dráuzio Varella, médico e escritor. Texto publicado em seu site.

Cuidado com a friagem, meu filho! Minha avó falava assim. A sua, provavelmente, também. Acho que todas as avós do mundo tiveram essa preocupação com os netos. Acostumados a considerar sábios os conselhos que chegaram até nós pela tradição familiar, também insistimos com nossos descendentes para que se protejam da friagem e dos golpes de vento, sem nos darmos conta de que fica estranho repetirmos tal recomendação ingênua em pleno século 21.
Se friagem fizesse mal, a seleção natural certamente nos teria privado da companhia de suecos, noruegueses, canadenses, esquimós e de outros povos que enfrentam a tristeza diária de viver em lugares gelados.
A crendice de que o frio e o vento provocam doenças do aparelho respiratório talvez seja fácil de explicar. Sem ideia de que existiam vírus, fungos ou bactérias, nossos antepassados achavam lógico atribuir as gripes e resfriados, que incidiam com maior frequência no inverno, à exposição do corpo às temperaturas mais baixas.
É possível que a conclusão tenha sido reforçada pela observação de que algumas pessoas espirram e têm coriza quando expostas repentinamente às baixas temperaturas, sintomas de hipersensibilidade (alergia) ao frio, que nossos bisavós deviam confundir com os do resfriado comum.
Confiantes na perspicácia de suas observações, as gerações que nos precederam transmitiram a crença de que friagem e golpes de ar provocam doenças respiratórias, restringindo a liberdade e infernizando a vida de crianças, adolescentes e até dos adultos:
– Não beba gelado, filhinho! Não apanhe sereno! Não saia nesse frio, minha querida, vai pegar um resfriado! Agasalhe essa criança; ela pode ficar gripada. Feche a janela, olhe esse vento nas costas! Descalço no chão frio? Vá já calçar o chinelo!
Crescemos obedientes a essas ordens. Quanto calor devemos ter sofrido no colo de nossas mães enrolados em xales de lã em pleno verão? Quantos guaranás mornos fomos obrigados a tomar nos aniversários infantis? Para sair nas noites frias, quantas camadas de roupa tivemos de suportar? Quantas vezes interromperam nossas brincadeiras porque começava a cair sereno?
A partir dos anos 1950, foram realizadas diversas pesquisas para avaliar a influência da temperatura na incidência de gripes, resfriados e outras infecções das vias aéreas.
Nesses estudos, geralmente realizados nos meses de inverno rigoroso, os voluntários foram divididos em dois grupos: no primeiro, os participantes passavam o tempo resguardados em ambientes com calefação, sem se exporem à neve ou à chuva. No segundo grupo, os participantes eram expostos à chuva, à neve e aos ventos cortantes.
Nenhum desses trabalhos jamais demonstrou que a exposição às intempéries aumentasse a incidência de infecções respiratórias. Ao contrário, diversos pesquisadores encontraram maior frequmicróência de gripes e resfriados entre os que eram mantidos em ambientes fechados.
Numa cidadezinha do interior da Holanda, na segunda metade do século XVII, um dono de armarinho chamado Antoni Leeuwenhoek, que tinha como distração estudar lentes de aumento, montou um aparelho que aumentava o tamanho dos objetos. Por uma curiosidade particular, dessas que costumam mudar os rumos da ciência, Leeuwenhoek, em vez de usar seu microscópio rudimentar para ampliar coisas pequenas, como patas de mosquitos, olhos de mosca ou buracos de cortiça, conforme faziam os ingleses naquela época, procurou as invisíveis. Examinou uma gota de chuva, a própria saliva, uma gota de seu esperma e ficou estarrecido com o que seus olhos viram.
Relatou assim suas descobertas: “No ano de 1675, em meados de setembro (…) descobri pequenas criaturas na água da chuva que permaneceu apenas alguns dias numa tina nova pintada de azul por dentro (…) esses pequenos animais, a meu ver, eram 10 mil vezes menores do que a pulga-d’água, que se pode ver a olho nu”.
Mais de 300 anos depois da descoberta dos micróbios, ainda continuamos a atribuir à pobre friagem a causa de nossas desventuras respiratórias. Convenhamos, não fica bem! Esquecemos que resfriados e gripes são doenças causadas por vírus e que sem eles é impossível adquiri-las. Aceitamos passivamente que o sereno faz mal quando cai em nossas cabeças e que o vento em nossas costas nos deixa doentes, sem pensarmos um minuto na lógica de tais afirmações. Qual o problema se algumas gotas de sereno se condensarem em nosso cabelo? E o vento? Por que só quando bate nas costas faz mal? Na frente não?
Gripes, resfriados e outras infecções respiratórias são doenças infecciosas provocadas por agentes microbianos que têm predileção pelo epitélio do aparelho respiratório. Quando eles se multiplicam em nossas mucosas, o nariz escorre, tossimos, temos falta de ar e chiado no peito. A presença do agente etiológico é essencial; sem ele podemos sair ao relento na noite mais fria, chupar gelo o dia inteiro ou apanhar um ciclone nas costas sem camisa, que não acontecerá nada, além de sentirmos frio.
A maior incidência de infecções respiratórias nos meses de inverno é explicada simplesmente pela tendência à aglomeração em lugares com janelas e portas fechadas para proteger do frio. Nesses ambientes mal ventilados, a proximidade das pessoas facilita a transmissão de vírus e bactérias de uma para outra.
A influência do ar condicionado na incidência de doenças respiratórias, entretanto, não segue a lógica anterior. A exposição a ele realmente favorece o aparecimento de infecções respiratórias agudas, mas não pelo fato de baixar a temperatura do ambiente (o ar quente exerce o mesmo efeito deletério), e sim porque o ar condicionado desidrata o ar e resseca o muco protetor que reveste as mucosas das vias aéreas. O ressecamento da superfície do epitélio respiratório destrói anticorpos e enzimas que atacam germes invasores, predispondo-nos às infecções.
http://drauziovarella.com.br/drauzio/olhe-esse-vento-nas-costas-menino/

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Desmistificando a criação com apego



Hoje em dia, um assunto tem tomado cada vez mais espaço nas discussões sobre maternidade, é a chamada "criação com apego". Mas o que vem a ser a criação com apego? O termo origina-se da expressão em inglês "attachment parenting" e nada mais é do que seguir seus próprios instintos. Toda criança já nasce com a necessidade de estarem perto dos seus pais e virce-versa. Mas devido à cultura, esse instinto acaba ficando de lado, sendo o mais comum "educar" a criança, desde cedo, para adquirir independência.

Ao se falar em criação com apego, por puro desconhecimento e preconceito, muitas pessoas repelem essa idéia pensando se tratar apenas de crianças grudadas aos pais. O que muita gente não sabe, é que a criança inserida nesse modelo de criação, ou seja, criada com carinho, dignidade, respeito às suas necessidades, inclusive emocionais, tendem por sí próprias buscar sua independência. Vejamos alguns mitos:


"Deixa chorar, pra não ficar mal acostumado"

Você gosta de ter seu choro, suas reclamações e frustrações ignoradas? E por que a criança, mais sensível, vulnerável, que não tem pleno conhecimento das coisas, precisa "aprender" a chorar sozinha para não ficar mal acostumada? Pois bem, os estudos demonstraram que quando a criança cumpre um ano, as mães que tinham atendido rapidamente o seu choro tinham filhos que choravam muito menos que aquelas que haviam optado por deixar chorar. Apesar que alguns pensam que as crianças se apegam porque foram muito mimadas e queridas, “mal acostumados” por excesso de atenção, não há provas que corroborem a teoria segundo a qual o apego ansioso é resultado do afeto e atenção excessivas por parte dos pais.
Crianças tornam-se mal acostumadas, quando têm suas necessidades físicas e psicológicas ignoradas e substituídas por presentes. Dê presença!


card by: Thiago Queiroz

"As crianças têm que acostumar a dormirem sozinhas desde cedo"


Crianças que dormem em cama/quarto compartilhado tendem a ser – veja só – MENOS medrosas e MAIS independentes do que aquelas que dormem sozinhas. Por alguma razão, as pessoas começaram a acreditar que os bebês precisavam ser mais independentes, e que aprender a dormir sozinhos desde o primeiro dia de nascidos seria uma forma de fazer isso. Primeiramente, é uma besteira enorme dizer que os bebêsprecisam ser independentes – eles não podem ser, afinal, são bebês! Eles sequer sabem que existem até completarem um aninho de vida ou mais, então como podem ser independentes antes disso?  Contudo, conforme as crianças crescem, elas se tornam (felizmente) mais independentes, e nessa fase são as crianças que dormiram com os pais (ou continuam dormindo) e receberam toneladas de carinho e contato corporal que se mostram as mais destemidas, enquanto as que foram deixadas sozinhas para serem "independentes" enquanto bebês tendem a ser mais tímidas, ansiosas e amedrontadas. 
Estudos recentes comprovam os malefícios do treinamento precoce do sono. Leia mais aqui: Provados os malefícios do treinamento precoce do sono


"Depois dos 6 meses, 1 ano, 2 anos, o leite vira água"

Puro mito! Ele nunca vira água, nem depois dos 2, 3, 4 anos ou mais. Continua rico em nutrientes e valendo por uma refeição, como segue no quadro abaixo: 
Além do mais, uma descoberta recente mostra que o leite materno pode, inclusive, bloquear o vírus HIV.
Mais um quadro que ilustra a quantidade de nutrientes no 2° ano de vida:



"Não pode fazer isso porque eu disse que não"


Você aprende algo dessa forma? Com um simples não, sem explicação qualquer, só por autoritarismo? Evitar o não e escolher a criação com apego não é ser permissivo, ao contrário, é praticar a empatia, se colocar no lugar da criança e procurar a melhor forma de fazê-la entender. Ao invés de usar um "não", puro e seco, procure explicar, com base no diálogo, carinho e respeito. Aqui segue algumas dicas do papai Thiago Queiroz em seu blog:






  • evite o “não” pelo “não”. Ouvir um “não” assim, puro, sem mais nem menos não ajuda em nada, não explica e não ameniza a frustração do bebê;
  • torne a casa segura para o bebê. Proteja tomadas, quinas, guarde o que pode quebrar e você não precisará ficar correndo atrás do seu bebê para protegê-lo;
  • distração e alternativa. Quando o seu bebê está brincando com algo que não deveria, converse com ele (mesmo que ele não entenda nada) e ofereça uma alternativa, que pode ser outro brinquedo ou atividade;
  • escolha as suas batalhas. Sempre que o bebê estiver fazendo algo que você não quer deixar, se pergunte: “será que ele realmente não pode mexer nisso, ou sou só eu que não quero?”. Às vezes, é melhor para o bebê e para a mãe que você deixe ele satisfazer uma curiosidade, se isso não envolver riscos à segurança dele.



  • "Dormir junto com os filhos prejudica a vida sexual do casal?"

    Cuma? Se um casal, depois que tiveram os filhos, não faz mais sexo, a culpa não é da cama compartilhada. Aliás, pra um casal bem resolvido sexualmente, a cama é apenas mais um acessório na vida afetiva no casal. Sim, existem outros lugares e cômodos da casa que o casal possa usar e abusar, basta usar a criatividade.





    "Só uma palmada pra educar não faz mal"

    Uma palmada faz mal sim! Estudos demonstram que a palmada destrói o desenvolvimento e diminui o QI nas crianças, leia mais aqui: http://maeinusa.blogspot.com.br/2013/10/como-punicao-fisica-pode-prejudicar-o.html. Punição não tem nada a ver com educação.  Enquanto a punição advém da raiva, descontrole e despreparo do cuidador; a consequência implica em paciência, empatia, autocontrole e raciocínio lógico do adulto no sentido de mostrar à criança que ela é responsável pelos seus atos. A criança responde e aprende muito melhor em um contexto de Disciplina Positiva! 

    Segue alguns argumentos pelos quais a palmada não funciona:

    • Bater ensina a bater. Uma criança que recebe uma palmada, entende que bater é algo permitido ou possível. Mais, que alguém maior pode bater em alguém menor. Assim, um irmão  maior pode se sentir “autorizado” a bater em um menor ou na escola usar violência contra uma criança menor.
    • Bater ensina que esse é um bom método de se resolver problemas e que a agressão física é uma atitude normal e que a força bruta é mais importante que o diálogo.
    • Bater mina a auto estima da criança porque esta sente que deve ser muito “errada” para merecer uma palmada de quem passa os dias e horas dizendo que a ama.  A palmada é uma mensagem que confunde a criança que ainda não tem capacidade de entender e acomodar contradições.
    • Bater faz a criança temer o mais forte ou  mais poderoso, podendo se refletir, na vida adulta em uma postura de aceitação e submissão de abusos (verbais, profissionais etc.).
    • Bater nas mãos inibe a criatividade, curiosidade e destreza das crianças. As mãos são ferramentas de exploração, uma extensão da curiosidade infantil e um “tapinha” nestas pode mandar uma mensagem muito negativa. Melhor separar o objeto “proibido” das mãos da criança do que dar um “tapinha”.
    • Bater pode levar ao abuso. Uma vez transposto o limite entre o não bater e bater, fica mais difícil o controle em um eventual acesso de raiva dos pais. O descontrole é algo que pode acontecer por segundos, mas o abuso que se pode cometer nesse curto espaço de tempo pode ser enorme.
    Se nenhum desses argumentos for suficiente para demonstrar porque não se deve bater em uma criança, deixo um argumento final, que considero definitivo:
    • Bater não funciona! Tanto a experiência de vários pais (não sei o que esse menino tem, quanto mais eu bato, pior ele fica!) quanto estudos acadêmicos, demonstram que bater não mofidifica comportamentos indesejáveis. Talvez seja o oposto porque, ao gerar raiva na criança que recebe um tapa, esta passa a confrontar mais e, quanto mais confronta, mais apanha e um ciclo vicioso negativo se instala. Bater, nem que seja “só um tapinha”, não funciona para a criança, seus pais e nossa sociedade.
    Lembrem-se que os jovens e adultos de hoje são as crianças de ontem, que tiveram essa educação na base de palmadas, gritos e castigos. Algum resultado positivo nisso? Não bater, não significa ser permissivo, pois há outras formas de ensinar limites. Ao contrário, quem bate, só demonstra descontrole e falta de limites de si mesmo. Você prefere que seu filho te respeite ou que tenha medo?Sim, porque é só analisar um pouquinho. Uma criança que apanha após um comportamento negativo, ela aprende e deixa de tal comportamento ou continua o repetindo nos dias subsequentes? Pode deixar de imediato por medo, mas logo estará fazendo novamente. Sendo assim, o que a palmada lhe ensinou?

    Em resumo: "Quem aqui já ouviu alguém dizer, na idade adulta, que é inseguro, triste, melancólico ou revoltado porque a mãe ou o pai estiveram sempre presentes, porque foram empáticos com ele e entenderam suas solicitações, porque estiveram disponíveis e não foram violentos?
    Alguém?
    Eu nunca.
    Os principais problemas da juventude vem do excesso de amor ou da falta?
    Da presença ou da ausência?
    Do amparo ou da violência?
    Da compreensão ou de se deixar chorar sem consolo?
    Achar que uma criança ficará mal acostumada porque mama na mãe até mais de 2 anos, porque dorme próximo dos pais, porque não foi cedo à escola, significa dizer que fazer exatamente o oposto é criar pessoas bem acostumadas.
    Desculpe-me, mas as evidências estão TODAS contra essas crenças."

    Por fim, não me venham com frases do tipo "eu fui criado assim e não morri", " eu fiz isso e meus filhos sobreviveram". O foco aqui não é criar "sobreviventes", pois sobreviver significa escapar, viver a despeito de um problema ou alguma coisa. Sobreviver não é o objetivo mas sim VIVER, plenamente.


    Se você cria seu filho com apego e quer estudar mais sobre o assunto ou se não cria e pretende saber mais sobre, segue algumas dicas de livros:












    Referências: Compilados de textos retirados do Grupo Virtual de Amamentação, http://paizinhovirgula.com/criacao-com-apego-birra-manha-e-afins/
    http://www.cientistaqueviroumae.com.br/2012/08/criacao-com-apego-verdades-mentiras.html
    http://robertocooper.com/2013/09/14/uma-palmada-faz-mal/